Sunday, December 31, 2006

Últimas Atividades de 2006 na ComCat

> Lançamento do projeto “Criar e Tocar” com a exposição do artista Sinésio Brandão.

Em 24 de novembro de 2006, foi apresentado à sociedade carioca, na Casa ComCat, o projeto Criar e Tocar Instrumentos Afros Percussores.

Coordenado pela Ofarerê Comunicação Cultural, idealizado e criado pelo ogã e gestor comunitário Israel Evangelista, o projeto tem como missão desenvolver e fortalecer a cultura negra através da arte, capacitar as comunidades em torno dos terreiros de candomblé; que em sua maioria estão localizados nas regiões periféricas, para o mercado de trabalho. Através de atividades, tais como: Reforço Escolar, Cidadania, Cultura Afro Brasileira, Inclusão Digital e o Resgate do Tanoeiro - artesão que fabrica atabaques. Desta forma o projeto tem como objetivo capacitar os jovens para o mercado de trabalho.

Uma das atividades desenvolvidas pelo Projeto Criar e Tocar, foi a inauguração da exposição de arte Naif do artista plástico Sinésio Brandão, na mesma data, também na Casa ComCat.

Algumas palavras sobre o artista:
Sinésio Brandão foi nascido em Salvador, na Cidade Alta. Sinésio tinha 15 anos quando veio para o Rio de Janeiro, e logo começou a trabalhar como auxiliar de pintor com seu irmão nas reformas do prédio do antigo Cassino da Urca, que abrigaria a antiga TV Tupi. Sinésio iniciou o seu trabalho como cenógrafo, pintando cenários dos programas da nascente televisão brasileira. Tais como: o de Inezita Barroso, Dorival Caymmi e de Jaci Campos. O artista se destaca por utilizar várias técnicas assimiladas durante a sua formação profissional. Trabalhando com madeira, aprendeu variadas técnicas e efeitos na área de cenografia, além de noções de desenho e pinturas.

Com o surgimento da TV Excelsior o artista foi convidado para exercer a função de pintor artístico na mesma. Assim, teve a oportunidade de participar da produção do carnaval de várias escolas de samba, entre elas Aprendizes de Lucas, Unidos de Padre Miguel e Unidos da Tijuca. Em São Paulo, fez o carnaval da Escola de Samba Camisa Verde.

Em meados dos anos 70, Sinésio desligou-se da televisão e resolveu investir no projeto de ser pintor. Conheceu então Brasília Nagle, professora de Artes Plásticas de Centro Caloste Gulbenkian, na qual obteve bolsa de estudos para freqüentar um curso de pintura, onde aprendeu noções de perspectivas, cores e desenho.

Em um concurso promovido pelo Calouste Gulbenkian, Sinésio foi classificado em segundo lugar entre 360 artistas, com uma tela retratando favelas.


>Em 25 de novembro, aconteceu uma a Oficina /Palestra para voluntariados na África, liderada por Sandoney do IICD – Instituto para Cooperação e Desenvolvimento Internacional.

Durante a reunião os 35 participantes, tiveram a oportunidade de conhecer os projetos do IICD na África e ver como é feito o treinamento de voluntários em uma das escolas que estão localizadas na Califórnia, Massachusetts, Michigan e no Caribe, na Ilha de St. Vicent. O Treinamento tem duração de seis meses em uma das escolas acima citadas. O voluntário é preparado, durante esse período, para lidar com as situações que encontrará na áfrica, obtendo informações sobre gerenciamento, soluções de problemas, lideranças e mais.

O projeto oferece uma oportunidade única de conhecer novas culturas, visitar novos países, aprender e transmitir conhecimento.

Abaixo um depoimento de um jovem voluntário:

"Gostaria de repartir com voces o email recebido do Felipe de SP que está em Moçambique:
Aqui em Lamego a vida tem andado no seu devagar rápido. O calor tem aumentado e sido mais constante, com isso os mosquitos e insetos também tem se proliferado. As chuvas tem sido mais frequentes e o ar está mais húmido, dando esperança às sementes que acabaram de ser plantadas nas machambas. A época de manga chegou e agora comemos mangas o dia inteiro. Uma manga muito doce, saborosa, cheia de fiapo mas que são pequenas quando comparada com as do Brasil.

Na EPF e na EAO, estamos nas últimas semanas de aula, assim estamos correndo com a matéria para estarmos em dia para os exames finais que serão nas próximas semanas. Nesse mês eu e a Jenny fizemos diversos atividades relacionadas a AIDS e a DTS tanto na EPF como na EAO. Para encerrar esse ciclo de atividades estamos planejando fazer um evento no dia 01 de dezembro que é o dia internacional da AIDS. As atividades de prática com os instrutores comunitários têm ido muito bem. Durante esse mês fomos até o Hospital do dia, que trata de pessoas soro positivos; fizemos visitas de campo com oficiais de campo do TCE (programa da ADPP que trabalha com a prevenção da AIDS); plantamos mais de 50 mudas de moringa na escola e na comunidade; e demos palestras sobre a importância e métodos de obtenção de água potável.

O Centro Comunitário também está indo muito bem. Cada vez mais pessoas participam do projeto. Vamos ter bastante dinheiro graças a contribuições de grandes doadores. Desse modo, vamos ter que replanejar tudo, já que com o dinheiro que temos agora será possível construir os prédios com tijolos e cimento. Além disso, cada doador tem suas estipulações e suas idéias, de modo que teremos que reunir todas essas idéias para o Centro Comunitário. Mesmo sem os prédios já iniciamos algumas atividades. Temos um professor primário voluntário trabalhando todos os dias com as crianças menores e outro rapaz, o Moda, trabalhando com as crianças que tem mais de 10 anos com atividades culturais como peças teatrais, danças e músicas africanas.

Eles estão planejando uma grande apresentação até o fim do ano dessa peça, estamos todos bem empolgados. Também já estamos começando a estender nossos braços a outras comunidades. Há duas semanas atrás, eu, a Jenny, a dona Aissa e seu Angelo fomos para Matombo, um vilarejo de 775 de habitantes que fica a 1 hora de Lamego com bicicleta. Lá nos encontramos com um grupo de viúvas, senhoras de idade e com órfãos que nos falaram de seus problemas. Foi muito triste ouvir essas senhoras bem velhinhas falando de seus sofrimentos. A maioria não têm mais maridos, filhos e vivem de esmolas. Uma delas falou que só esta esperando pela morte. Aquilo me doeu muito. A gente em geral tem aquela idéia de que as pessoas podem ter uma vida sofrida mas que no final de suas vidas elas vão ter paz. Mas essas senhoras sofreram a vida inteira e continuam ainda hoje em seus últimos anos a ter uma vida miserável. Nesse lugar não há nem mesmo um mercado. Assim, as pessoas em geral não usam sal, óleo ou açúcar. Água é outro grande problema para eles. A única água que eles tem acesso é leitosa e salubre, e mesmo assim não é sempre que está disponível. Mas vamos falar das coisas boas. Esse grupo de senhoras e órfãos recebeu do secretário local uma machamba de 8 hectares na qual eles vão cultivar diferentes culturas e conseguir algum dinheiro. Nosso Centro Comunitário vai fornecer-lhes as sementes e mais algum apoio para eles começarem a machamba.

No começo desse mês fui ao parque nacional de Gorongosa onde esperava ver leões e elefantes. Infelizmente, quando fomos andar pelo parque já era perto da meio dia quando as animais vão se esconder do sol. Assim não conseguimos ver os elefantes e leões. Vimos sim gazelas, macacos, pássaros, antílopes e javalis. Alem de ver os animais, tivemos um encontro com representantes de uma ONG que trabalha com as comunidades que vivem dentro do parque desenvolvendo atividades que buscam conscientizar as pessoas sobre a importância do parque e o perigo de queimadas, cacas furtivas e desflorestamento. Foi tudo bem interessante.

No mesmo final de semana que fomos ao parque, fomos até Gorongosa construir uma casa para quatro irmãos órfãos de pai e mãe. O irmão mais velho que tem 16 anos é o chefe da casa e cuida dos mais novos. Eles moram em uma casa bem precária, no mesmo lugar onde mantém o milho, cozinham e onde os animais vivem. Com a estação chuvosa aquela casa não serviria mais de abrigo para eles. Assim, fomos até lá com o projeto Ajuda as Crianças de Lamego para construirmos uma casa melhor. Passamos a manhã construindo a casa e depois tivemos um almoço preparado por senhoras da comunidade. Estavam presentes nós, voluntários de Lamego, os líderes de projeto da Ajuda as Crianças, supervisores e várias pessoas da comunidade que vieram para ajudar. Foi muito bom ver a alegria daquelas crianças em ver a nova casa sendo construída e toda aquela gente os ajudando. Foi também incrível ver como aqueles quatro irmãos, e mais outra irmã que agora não vive mais com eles, conseguiram sobreviver sozinhos, um cuidando do outro, no meio do mato, sem as mínimas condições. E realmente surpreendente como as pessoas aqui são incrivelmente forte, e quando falo isso não quero dizer apenas fisicamente, mas espiritualmente também.

São pessoas como esses órfãos, meus alunos, dona Aissa e seu Ângelo, as crianças daqui que me inspiram cada dia e que me levaram a tomar uma decisão: ficar em Moçambique por mais seis meses. Não estou preparado para ir embora agora e não me sinto totalmente satisfeito com o trabalho que fiz até agora. Quero mais. Não que eu ache que mais seis meses vão me possibilitar fazer tudo o que eu anseio, mas com certeza vou me sentir mais realizado. Assim, depois de quase dois meses de espera por uma resposta da ADPP, finalmente recebi a resposta que poderei ficar aqui no meu projeto até junho do ano que vem. Estou muito feliz. Com o mais seis meses, também vem mais responsabilidades, trabalho e desafios. E eu estou pronto e ansioso por isso!"
-- FELIPE

Para mais informações sobre esse projeto, entre em contato com sandonei@iicd-volunteer.org .



>No dia 15 dezembro, a ComCat a realizou uma confraternização de fim de ano.

O que aconteceu durante a Confraternização?

Dinâmicas lúdicos /afetivas, dança, oficina de artesanato, onde foram confeccionados objetos que foram trocados, em forma de presentes durante as brincadeiras. Também aconteceu uma ceia solidária onde quem pôde, trouxe guloseimas para ajudar a compor a mesa, poema de Castro Alves, declamada pelo teatrólogo Waldir Cândido da Costa, encontros de Gestores que já não se viam ou já não vinham na Casa ComCat há algum tempo, por conta da vida atribulada que levam.

Chegaram gstores novos na Casa, entre eles, Leonardi Santos, da ONG Res Pública, que desenvolve um trabalho em Pilares na área da justiça.

Participaram da Confraternização quase trinta pessoas, entre Gestores, visitantes e, claro, a Equipe ComCat.


Mas o ano ainda não fechou.


>Anda tivemos, no dia 21 de dezembro tivemos a presença do grupo Mulher em Ação/Arte Indústria que se reuniu na Casa ComCat para fechar as atividades de 2006.

O Grupo encerrou suas atividades com uma reunião que teve a participação da Estilista Alessa. Esta veio para, além de participar do fechamento do ano, verificar o acabamento de algumas peças que farão parte da Coleção Jardim de Inverno que será lançada na Mariana da Glória durante o FASHION BUSINESS outono/inverno 2007.

O Mulher em Ação que surgiu há cinco anos e conta com a parceria da Liga Feminina Israelita do Brasil e compõe a Rede da Comunidades Catalisadoras, realizando suas oficinas e pilotagem na Casa do Gestor Catalisador. O objetivo de grupo é estabelecer uma rede de intercâmbio entre lideranças femininas de comunidades de baixa renda do Rio de Janeiro e criar um espaço para estimular o resgate da cidadania. Além, do lazer e da cultura, o foco do grupo está na geração de trabalho e renda.

São ao todo 13 líderes de 9 diferentes comunidades: Acari, Jardim Bangu, Minha Deusa, Oswaldo Cruz, Bento Ribeiro, Vila Aliança, Morro dos Prazeres, Saúde e Rocha Miranda. Esse grupo conta com o trabalho imprescindível da estilista Alessa [da griffe Casa de Alessa] que desenvolveu junto ao grupo o conceito da coleção de roupas e acessórios por meio de jogos lúdicos estimulando a criatividade de uma mulher de atuação.

Thursday, December 07, 2006

Quilombo Pedra do Sal em Questão

No mês de novembro, o Gestor Damião Braga (Associação da Comunidade Remanescentes do Quilombo da Pedra do Sal / ARQPEDRA) se reuniu com a Sra. Ana Maria de Oliveira (Procuradora Geral da Fundação Cultural Palmares), Sr. Celso Souza (Assegurador de Quilombos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária / INCRA RJ) e moradores da comunidade em torno da Pedra do Sal, na Região Portuária do Rio de Janeiro e próximo da ComCat.

O objetivo dessa reunião foi tratar de assuntos relacionados ao processo de regularização fundiária do Quilombo “Pedra do Sal”.

"A Pedra do Sal", segundo palavras do gestor DamiãoBraga, "foi tombada provisoriamente em 20 de novembro de 1984 e, definitivamente em 27 de abril de 1987, e é testemunho cultural mais que secular da africanidade brasileira. Espaço de ritual consagrado e o mais antigo monumento vinculado à história do samba carioca. No passado, teve os nomes de Quebra-Bunda, Pedra da Prainha e, como nas redondezas se carregava o sal, popularizou-se como Pedra do Sal. Ali se instalaram os primeiros negros que chegaram na Saúde, se encontraram as Tias Baianas, soaram os ecos das lutas populares, das festas de candomblé e das rodas de choro. Nas ruas tortuosas e becos que a envolvem, nasceram os ranchos e o carnaval carioca. No dorso da Pedra do Sal estão inscritas as raízes do samba carioca."

Ainda palavras do gestor comunitário, a área é reconhecida como Quilombo desde 2005, mas não está tendo seus direitos respeitados e, essa reunião teve como objetivo a intensificação das atividades do Quilombo e também, fazer com que o poder público, nas pessoas do Sr. Celso Souza e Sra. Ana Maria de Oliveira intervenha em conjunto com a comunidade na defesa de seus direitos. Foi um pontapé inicial para muitas outras mobilizações que serão realizadas.

Essa reunião aconteceu na Casa ComCat. A ComCat também é isso: um espaço para discussões e busca de soluções comunitárias. Para saber mais sobre o trabalho desse gestor, visite o site www.quilombopedradosal.org. O projeto Sal do Samba será publicado em breve no site www.comcat.org