História da Casa

Imagens da Casa

Em homenagem à Casa ComCat, aqui recontamos sua história, enraizada na história da própria ONG Comunidades Catalisadoras (ComCat)...

Fundada em 2000, a intenção original em desenvolver a Comunidades Catalisadoras (ComCat) foi em fundar uma ONG virtual (http://www.comcat.org/), muito antes disso se tornar comum, focada na elaboração de um portal na Internet onde gestores comunitários poderiam publicar suas iniciativas comunitárias e trocar soluções uns com os outros.

Em pouco tempo, trabalhando próximos às comunidades cariocas, percebemos que existia uma falta de espaço físico e acesso à Internet para o desenvolvimento de projetos comunitários no Rio de Janeiro. Percebemos que muitas lideranças, mesmo sendo pessoas conhecidas, com suas próprias redes de contatos dentro de seus bairros, acabavam trabalhando relativamente isoladas com respeito às iniciativas em outras partes da cidade. Por isso, montamos a Casa do Gestor Catalisador, "Casa ComCat", para atender as demandas por espaço para reuniões e acesso à Internet dos gestores comunitários cariocas.

Inaugurada em fevereiro de 2003, a Casa ComCat foi um espaço destinado a gestores comunitários, proporcionando-lhes ferramentas, informações e redes de contatos importantes para o desenvolvimento de seus projetos. A Casa conseguiu, em pouco tempo, estabelecer-se como um local importante e conhecido para a gestão de projetos comunitários no Rio de Janeiro. Diferente de telecentros que ofereciam capacitações pessoais e profissionalizantes para moradores de comunidades, a Casa ComCat concentrava seus recursos em fortalecer os trabalhos de pessoas dedicadas a melhorias comunitárias e sociais.

As metas da Casa foram:

• Criar um espaço de encontro entre as lideranças comunitárias para que elas pudessem articular-se entre si e trocarem experiências, formando uma rede amigável e solidária;
  
• Oferecer recursos via Internet para a documentação, divulgação e desenvolvimento dos seus respectivos projetos comunitários;
  
• Fortalecer a troca de conhecimentos e também de informações sobre iniciativas de outras ONGs que apoiam iniciativas comunitárias;
  
• Aumentar cada vez mais a rede de voluntários que atuam na Casa, dando aulas de elaboração de projetos, inglês, desenho de portais, e outras atividades que surgem, especificamente para fortalecer as iniciativas de líderes comunitários;
  
• Exibir arte (quadros, objetos artesanais) comunitária através de exposições temporárias no corredor da Casa, onde interessados podem ver e até comprar arte comunitária;
  
• Promover eventos na Casa onde grupos externos às comunidades cariocas que querem aprender com e apoiar iniciativas comunitárias podem conhecer mais.

A Casa foi um lugar de encontros, trabalho e trocas, diferente de um escritório ou cibercafé. Na Casa os gestores comunitários adicionavam projetos e consultavam o premiado Banco de Soluções Comunitárias (BSC) da ComCat (que continuou em paralelo a desenvolver seu site para gestores comunitários do mundo todo), pesquisavam na Internet, escreviam projetos para serem patrocinados, organizavam e participavam de oficinas de capacitação, e se reuniam para unir esforços. A troca de idéias e experiências entre estes gestores é um passo fundamental para melhorar a condição das comunidades cariocas.

Através destes encontros, na Casa inúmeras parcerias surgiam. E talvez até mais importante, gestores de projetos comunitários sabiam que existia um lugar seguro, de confiança, para que suas idéias para criar um mundo melhor poderiam ser desenvolvidas.

Não foi necessário divulgar o espaço através de nenhuma campanha. Pois, desde a inauguração da Casa em fevereiro de 2003 ela esteve movimentada, com a divulgação acontecendo principalmente boca à boca. Sem nenhuma campanha formal de divulgação mais de 1400 pessoas (mais de 1000 gestores comunitários), de 215 bairros cariocas, 7 outros municípios do Estado do Rio, 23 estados brasileiros, e 22 países visitaram a Casa e agora fazem parte da Rede ComCat.

Em 2007 a Casa ComCat começou a diminuir de forma significativa o número de gestores utilizando o espaço para formação de redes e o número total de gestores presentes no espaço também diminuiu. Isso levou a Diretoria a analisar o que poderia estar ocorrendo. Respostas de diversos gestores que haviam frequentado a Casa durante seus anos, agora afastados incluíram: (1) novas oportunidades que vieram para seus projetos ou em outros trabalhos sociais, levando-os longe da Casa; (2) o aumento de lanhouses nas comunidades de baixa renda no Rio, fazendo com que gestores não precisavam se locomover até o Centro para utilizar os computadores; e (3) uma vontade de ter mais voz e dirigir mais o processo de eventos e administração da Casa ComCat.

A Diretoria avaliou as duas primeiras respostas como um sucesso! Gestores haviam adquirido contatos e apoios suficientes na Casa para se empoderarem em construir seus projetos e suas carreras sociais, além de sentirem-se à vontade com máquinas em qualquer local, até longe da Casa onde não havia a mesma assistência de uma equipe destinada à isso.

O terceiro ítem levou a Diretoria a tomar uma decisão radical e potencialmente empoderadora. A Diretoria da ComCat em outubro de 2007 votou para repassar a direção da Casa ComCat para os próprios gestores. Todos os gestores na mala direta da Casa receberam convites para reuniões no início de novembro onde a Diretora Executiva da ComCat, Theresa Williamson, repassou este objetivo. Quinze gestores participaram e se engajaram na missão de fazer da Casa uma instituição dirigida por e para gestores. A Diretoria pediu simplesmente que escolhessem uma nova Diretoria para substituí-la até o final de 2007.

O Grupo de Transição, como ele veio a ser chamado, procurou se organizar mas, após 2,5 meses, o processo havia se desmobilizado. A Diretoria da ComCat teve que se reunir novamente para decidir como prosseguir.

Dado o aumento das lanhouses, de outras ONGs oferecendo espaços e oportunidades de troca entre gestores comunitários, e fortalecimento da Rede de Gestores da ComCat que agora já esta habituada a usar computadores e fóruns virtuais, e dado os recursos extremamente limitados da própria ComCat... a Diretoria votou unânimamente a favor de encerrar as atividades na Casa ComCat no final de fevereiro de 2008.

Com isso, a ComCat irá continuar crescendo, cada vez mais, sua rede virtual de gestores interligados no mundo todo. Em 2009 gestores no Rio de Janeiro e dos quatro cantos do planeta irão poder entrar no site da ComCat e participar de uma espécie de "Casa ComCat" virtual, onde irão aprender uns com os outros, trocarem experiências, pesquisarem fontes de captação de recursos, atualizarem seus projetos, e divulgarem seus projetos num número ilimitado de sites no mundo todo que estarão utilizando o Banco de Soluções Comunitárias da ComCat como uma ferramenta de busca de projetos sociais de base.

Este é um momento para festejarmos! Para trocarmos histórias! Para ficarmos ansiosos e alegres em imaginar uma futura "Casa ComCat" virtual onde poderemos trocar diariamente, estando em casa, numa lanhouse, num centro comunitário, no Rio de Janeiro ou em Maputo...

Casa ComCat como Modelo

Imagens da Casa

A Casa ComCat se destacou como um novo tipo de telecentro, um modelo para estimular o fortalecimento comunitário de uma forma bem econômica e eficaz. Imagine só, como seria o mundo se em cada cidade tivesse um centro para a união de movimentos e grupos comunitários e sociais, onde eles pudessem trocar entre eles e através da Internet, com seus irmãos em outros cantos da Terra?

Essa foi a filosofia da Casa, que fez o espaço crescer durante vários anos. E que foi reconhecido pela ONU no tópico "1.10 Telecentros como centros de mobilização comunitária".
Queremos que a Casa sirva como um modelo de telecentro para outras cidades ao redor do mundo, principalmente em locais sem comun acesso à Internet.

Segue uma lista inicial das características deste espaço:

• Sua localização é acessível através de uma só condução no transporte público de qualquer local na região metropolitana;


• A Casa é utilizada somente por gestores desenvolvendo seus trabalhos sociais, independentemente de sua área de atuação;


• O espaço é neutro em relação às diferenças de gênero, raça, religião, e orientação sexual;


• As conexões criadas e as informações trocadas na Casa são imprevisíveis e dependem dos gestores que frequentam a Casa. A função da equipe é manter um espaço aconchegante que estimula trocas e intercâmbios naturais e fortalecedores;


• Oferecemos para cada um somente o que somos capazes de oferecer a todos;


• Incentivamos a troca entre gestores de diversas áreas de atuação. Por exemplo: o projeto de mobilização na área de saúde AUAPARN organizou uma oficina de informática junto com a rede de lideranças "Mulher em Ação" e com o movimento dos sem teto "Chiquinha Gonzaga";


• Apresentar a Casa e sua proposta para todos os novos visitantes e recebê-los com café e biscoitos e fazer com que todos sintam-se em casa;


• A divulgação do espaço acontece principalmente através do boca a boca entre gestores;


• Registrar cada visita e o uso dos computadores e espaços para sabermos como a Casa está sendo usada e como podemos aperfeiçoar o nosso trabalho.

Tour da Casa

Imagens da Casa

Em homenagem à Casa do Gestor Catalisador ("Casa ComCat") aqui segue um tour do espaço para quem quiser relembrar e quem nunca pôde conhecer...

Sala de Oficinas Multimídia
Foi aqui que oficinas foram elaboradas por gestores comunitários e voluntários que frequentavam a Casa, para fortalecer uns aos outros. A equipe da ComCat não organizava as oficinas e capacitações e sim ajudava a membros da Rede ComCat que demonstravam interesse em repassar sua aprendizagem, à montar e gerir as oficinas. Neste espaço tivemos oficinas de: inglês, francês, rádio comunitária, divisão digital, Nós do Cinema, Oficina da Palavra (poesia e hip hop), bijuteria, móveis ecológicos, e encontros de integrantes de grupos, inclusive: justiça juvenil, os Babels, e a Caravana da Paz.

Sala de Informática
Aqui gestores comunitários se beneficiavam com o acesso à Internet e apoio técnico. A Sala de Informática foi um espaço para gestores comunitários encaminharem seus projetos, manter contatos, escrever cartas para governantes, consultar notícias e materiais educacionais, visitar o portal da ComCat e conhecer outros projetos, além de documentarem seus próprios projetos no Banco de Soluções Comunitárias.

Além disso, voluntários universitários ofereciam oficinas de informática nesta sala, para gestores de projetos com dificuldade de utilizar o computador. Desenvolvemos tecnologias especiais para esta sala. Principalmente, através de um sistema de cadastro, os líderes que frequentavam o espaço atualizavam suas informações de contato e nos informavam de que modo estavam usando o espaço, em cada visita.

Também disponibilizavamos um disco virtual onde todos os visitantes da Casa tinham um espaço pessoal e privado para guardarem seus documentos.

Salinha para Reuniões Informais
Essa salinha foi onde aconteciam reuniões informais, no dia a dia, na Casa. Aqui os gestores que estavam esperando lugar nos computadores, ou na hora do lanche, sentam e conhecem uns aos outros e começam dialogar. Aqui grupos pequenos de gestores, procurando um lugar central em relação às suas diversas comunidades, marcam reuniões para conversarem sobre temas importantes e eventos sendo organizados.

Também, há cada dois meses, na inauguração de uma nova exposição de arte, essa salinha ficava cheia de gente: gestores comunitários, artistas, estudantes, professores universitários, jornalistas, e outros; que nos visitavam para apreciar arte, ouvir a música do bloco carnavalesco Escravos da Mauá (que ensaia no Larguinho na frente) e conhecer novos amigos.


Galeria: Exposições de Arte Comunitária
A realidade local, tanto os desafios, quanto os sucessos e esperanças, frequentemente apareciam na arte e artesanato produzido por artistas e artesões comunitários. A Galeria ComCat foi um espaço para a promoção de artistas e artesões comunitários engajados nos movimentos sociais da cidade. Cada exposição durava dois meses, com uma festa de lançamento inaugurando o evento. Visitantes da Casa encontravam a Galeria no hall de entrada, e na Sala de Oficinas Multimídia da Casa ComCat.

Artigos e Imprensa sobre a Casa

Ao longo dos anos a Casa ComCat tem sido reconhecida publicamente em vários cantos do planeta. Aqui vai uma listagem com links destas menções:

2006
• "Para Compartilhar", Revista do Terceiro Setor
• "Quem disse que as soluções podem vir apenas de cima?", Rádio CBN (10:35) com André Urani
• "Quem disse que as soluções podem vir apenas de cima?" Rádio CBN (17:10) com André Urani
• "Actionable Idea: 1.10 Technology Centres As Community Action Hubs" por HabitatJam, ONU (inglês)

2004
• "Catalytic Communities: The Birth of a Dot Org," tese de doutorado preparada por Theresa Williamson, Diretora Executiva da ComCat (em inglês). Tese ganha prêmio na categoria de planejamento internacional.
• "Catalytic Communities in Rio: Virtual and Face-to-face Communities in Developing Countries," artigo da tese de Theresa Williamson sobre a Casa do Gestor Catalisador publicado na revista acadêmica Journal of Urban Technology 10: 85-109 (em inglês).


Para listagem completa de artigos na imprensa sobre a ComCat, visite: http://www.comcat.org/portugues/cgi-bin/mediacoverage.asp.

Missão Cumprida!

A Casa do Gestor Catalisador cumpriu a sua missão e encerra um ciclo na história da Comunidades Catalisadoras (ComCat). Sentimos muita satisfação ao perceber que a nossa missão, de criar redes para o fortalecimento do trabalho comunitário e inclusão digital, foi bem sucedida e que um grande número de lideranças do Rio de Janeiro e de outros locais, tiveram na Casa a possibilidade de se articularem em rede e fortalecer seus projetos locais utilizando ferramentais digitais.

Durante os últimos 5 anos, a Casa serviu 1050 lideranças comunitárias de mais de 215 bairros da cidade do Rio de Janeiro. Além deles, recebemos jornalistas, professores e estudantes universitários, ativistas sociais, e outros com interesse no espaço. E pessoas de 23 dos estados brasileiros participaram de eventos, além de 22 nações.

Cumprimos a nossa missão histórica no processo de evolução dentro da própria cidade do Rio de Janeiro, em relação ao uso da internet como ferramenta de empoderamento do desenvolvimento social. Hoje, o acesso à internet está muito mais acessível ao gestor comunitário dentro das próprias comunidades e em muitos centros culturais perto das comunidades e isso é muito favorável.

Dado ao fato de que houve uma evolução em relação ao acesso a internet e o respectivo uso da mesma para projetos comunitários, a Comunidades Catalisadoras percebe que é o momento correto de encerrar seu trabalho na Casa do Gestor Catalisador e focar seus recursos e esforços em uma rede virtual e mundial com tudo que a tecnologia pode oferecer para empoderar projetos comunitários através de uma rede mundial ilimitada.

Com isso, em 2009 iremos inaugurar uma nova versão do site www.comcat.org onde, além de buscar projetos comunitários dos quatro cantos do mundo para servir como inspiração... gestores comunitários irão poder participar de uma espécie de “Casa virtual” – um espaço online de trocas, capacitações, oportunidades para captação de recursos, e diálogos com outros gestores e voluntários no mundo todo.

Não se esqueça de manter seu email atualizado na mala direta da ComCat para que possamos lhe informar sobre as novidades que chegarem! E, até la, continue atualizando e consultando o premiado Banco de Soluções Comunitárias da ComCat (http://www.comcat.org/).

Veja mais sobre eventos de encerramento da Casa na nossa agenda virtual.

Veja a página online de lembranças e conquistas da Casa.

Veja o arquivo de todas as fotos tiradas na Casa durante seus 5 anos de história (aqui em breve!)