Friday, February 29, 2008

História da Casa

Imagens da Casa
Em homenagem à Casa ComCat, aqui recontamos sua história, enraizada na história da própria ONG Comunidades Catalisadoras (ComCat)...

Fundada em 2000, a intenção original em desenvolver a Comunidades Catalisadoras (ComCat) foi em fundar uma ONG virtual (http://www.comcat.org/), muito antes disso se tornar comum, focada na elaboração de um portal na Internet onde gestores comunitários poderiam publicar suas iniciativas comunitárias e trocar soluções uns com os outros.

Em pouco tempo, trabalhando próximos às comunidades cariocas, percebemos que existia uma falta de espaço físico e acesso à Internet para o desenvolvimento de projetos comunitários no Rio de Janeiro. Percebemos que muitas lideranças, mesmo sendo pessoas conhecidas, com suas próprias redes de contatos dentro de seus bairros, acabavam trabalhando relativamente isoladas com respeito às iniciativas em outras partes da cidade. Por isso, montamos a Casa do Gestor Catalisador, "Casa ComCat", para atender as demandas por espaço para reuniões e acesso à Internet dos gestores comunitários cariocas.

Inaugurada em fevereiro de 2003, a Casa ComCat foi um espaço destinado a gestores comunitários, proporcionando-lhes ferramentas, informações e redes de contatos importantes para o desenvolvimento de seus projetos. A Casa conseguiu, em pouco tempo, estabelecer-se como um local importante e conhecido para a gestão de projetos comunitários no Rio de Janeiro. Diferente de telecentros que ofereciam capacitações pessoais e profissionalizantes para moradores de comunidades, a Casa ComCat concentrava seus recursos em fortalecer os trabalhos de pessoas dedicadas a melhorias comunitárias e sociais.

As metas da Casa foram:

  • Criar um espaço de encontro entre as lideranças comunitárias para que elas pudessem articular-se entre si e trocarem experiências, formando uma rede amigável e solidária;
  • Oferecer recursos via Internet para a documentação, divulgação e desenvolvimento dos seus respectivos projetos comunitários;
  • Fortalecer a troca de conhecimentos e também de informações sobre iniciativas de outras ONGs que apoiam iniciativas comunitárias;
  • Aumentar cada vez mais a rede de voluntários que atuam na Casa, dando aulas de elaboração de projetos, inglês, desenho de portais, e outras atividades que surgem, especificamente para fortalecer as iniciativas de líderes comunitários;
  • Exibir arte (quadros, objetos artesanais) comunitária através de exposições temporárias no corredor da Casa, onde interessados podem ver e até comprar arte comunitária;
  • Promover eventos na Casa onde grupos externos às comunidades cariocas que querem aprender com e apoiar iniciativas comunitárias podem conhecer mais.

A Casa foi um lugar de encontros, trabalho e trocas, diferente de um escritório ou cibercafé. Na Casa os gestores comunitários adicionavam projetos e consultavam o premiado Banco de Soluções Comunitárias (BSC) da ComCat (que continuou em paralelo a desenvolver seu site para gestores comunitários do mundo todo), pesquisavam na Internet, escreviam projetos para serem patrocinados, organizavam e participavam de oficinas de capacitação, e se reuniam para unir esforços. A troca de idéias e experiências entre estes gestores é um passo fundamental para melhorar a condição das comunidades cariocas.

Através destes encontros, na Casa inúmeras parcerias surgiam. E talvez até mais importante, gestores de projetos comunitários sabiam que existia um lugar seguro, de confiança, para que suas idéias para criar um mundo melhor poderiam ser desenvolvidas.

Não foi necessário divulgar o espaço através de nenhuma campanha. Pois, desde a inauguração da Casa em fevereiro de 2003 ela esteve movimentada, com a divulgação acontecendo principalmente boca à boca. Sem nenhuma campanha formal de divulgação mais de 1400 pessoas (mais de 1000 gestores comunitários), de 215 bairros cariocas, 7 outros municípios do Estado do Rio, 23 estados brasileiros, e 22 países visitaram a Casa e agora fazem parte da Rede ComCat.

Em 2007 a Casa ComCat começou a diminuir de forma significativa o número de gestores utilizando o espaço para formação de redes e o número total de gestores presentes no espaço também diminuiu. Isso levou a Diretoria a analisar o que poderia estar ocorrendo. Respostas de diversos gestores que haviam frequentado a Casa durante seus anos, agora afastados incluíram: (1) novas oportunidades que vieram para seus projetos ou em outros trabalhos sociais, levando-os longe da Casa; (2) o aumento de lanhouses nas comunidades de baixa renda no Rio, fazendo com que gestores não precisavam se locomover até o Centro para utilizar os computadores; e (3) uma vontade de ter mais voz e dirigir mais o processo de eventos e administração da Casa ComCat.

A Diretoria avaliou as duas primeiras respostas como um sucesso! Gestores haviam adquirido contatos e apoios suficientes na Casa para se empoderarem em construir seus projetos e suas carreras sociais, além de sentirem-se à vontade com máquinas em qualquer local, até longe da Casa onde não havia a mesma assistência de uma equipe destinada à isso.

O terceiro ítem levou a Diretoria a tomar uma decisão radical e potencialmente empoderadora. A Diretoria da ComCat em outubro de 2007 votou para repassar a direção da Casa ComCat para os próprios gestores. Todos os gestores na mala direta da Casa receberam convites para reuniões no início de novembro onde a Diretora Executiva da ComCat, Theresa Williamson, repassou este objetivo. Quinze gestores participaram e se engajaram na missão de fazer da Casa uma instituição dirigida por e para gestores. A Diretoria pediu simplesmente que escolhessem uma nova Diretoria para substituí-la até o final de 2007.

O Grupo de Transição, como ele veio a ser chamado, procurou se organizar mas, após 2,5 meses, o processo havia se desmobilizado. A Diretoria da ComCat teve que se reunir novamente para decidir como prosseguir.

Dado o aumento das lanhouses, de outras ONGs oferecendo espaços e oportunidades de troca entre gestores comunitários, e fortalecimento da Rede de Gestores da ComCat que agora já esta habituada a usar computadores e fóruns virtuais, e dado os recursos extremamente limitados da própria ComCat... a Diretoria votou unânimamente a favor de encerrar as atividades na Casa ComCat no final de fevereiro de 2008.

Com isso, a ComCat irá continuar crescendo, cada vez mais, sua rede virtual de gestores interligados no mundo todo. Em 2009 gestores no Rio de Janeiro e dos quatro cantos do planeta irão poder entrar no site da ComCat e participar de uma espécie de "Casa ComCat" virtual, onde irão aprender uns com os outros, trocarem experiências, pesquisarem fontes de captação de recursos, atualizarem seus projetos, e divulgarem seus projetos num número ilimitado de sites no mundo todo que estarão utilizando o Banco de Soluções Comunitárias da ComCat como uma ferramenta de busca de projetos sociais de base.

Este é um momento para festejarmos! Para trocarmos histórias! Para ficarmos ansiosos e alegres em imaginar uma futura "Casa ComCat" virtual onde poderemos trocar diariamente, estando em casa, numa lanhouse, num centro comunitário, no Rio de Janeiro ou em Maputo...

No comments: